segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Trouble with the Curve, ou um pouco da minha idolatria por Clint Eastwood


Depois de muito tempo sem postar por aqui por razões mil, resolvi voltar para falar de um filme que vi esse fim de semana. Não, não foi a tão alardeada volta de Peter Jackson à Terra Média que me fez espanar as teias de aranha do teclado. Foi um outro filme, lançado sem muito alarde aqui no Brasil: Curvas da Vida (Trouble with the Curve, 2012).

Esse longa marca a estreia de Robert Lorenz como diretor - antes ele produzira alguns filmes, com destaque para várias parcerias com Clint Eastwood - mas isso é o menos importante. O que realmente interessa é que o próprio Clint está de volta à telona após quatro anos. Uma volta até certo ponto inesperada, porque ele mesmo havia dito que Gran Torino, de 2008, seria seu último filme como ator, algo que, ainda bem, não se concretizou.

Gus e sua filha Mickey
No debute de Lorenz na direção, Clint Eastwood interpreta Gus, um olheiro de um time de beisebol que começa a ter dificuldades para exercer sua profissão devido a um problema na vista, que o impede de avaliar apropriadamente os jogadores com potencial para entrar na Major League Baseball (MLB), liga profissional americana. Gus tem uma filha chamada Mickey (Amy Adams), com quem tem uma relação conflituosa. Destacado para examinar um garoto promissor na Carolina do Sul, Gus acaba tendo a ajuda da filha nesta missão de recrutamento, que pode ser a última de sua vida.

O roteiro do filme é até redondo, bem resolvido, porém um tanto óbvio, daqueles bem meticulosos, onde você sabe muito bem o que vai representar cada elemento introduzido ao longo da história. Dentro do recorte de longas que têm o beisebol como plano de fundo, não chega nem perto de O Homem que Mudou o Jogo (Moneyball, 2011), por exemplo. Mas, ainda assim, é um filme que deve ser visto, e se você for só um pouco fã da filmografia de Clint Eastwood, vai entender porque agora.

Do alto de seus 82 anos e sei lá eu quantos filmes, Clint, uma dos nomes de maior peso na história de Hollywood, pode ter aparecido pela última vez num longa-metragem. Pensar que "O homem sem nome" não faz mais Weterns há um bom tempo já é desalentador, mas a possibilidade de não vê-lo mais em nenhum tipo de produção cinematográfica, confesso, me deixou um pouco taciturno neste domingo.

Clint tem umas posições políticas que me desagradam, vide o apoio declarado a Mitt Romney nas últimas eleições americanas, mas, no cinema, para mim ele sempre foi um herói, um role model, como os americanos costumam dizer, mesmo quando vivia personagens extremamente pragmáticos e amorais, como na Trilogia dos Dólares, meus filmes preferidos dele. Pensar no seu afastamento definitivo da sétima arte realmente é perder mais um ídolo que ajudou a edificar minha paixão pelo cinema.

Uma cena em especial me fez verter lágrimas em Curvas da Vida. Em certo momento, Gus faz uma visita ao túmulo da esposa, que morreu quando sua filha tinha apenas seis anos. Ele vai lá para desabafar, falar dos problemas de relacionamento com Mickey e, em dado momento, começa a cantar "You're my Sunshine", de Johnny Cash. Não sei porque isso me veio à cabeça na hora, mas parecia que o "don't you take my sunshine away" que ele sussurrava para a esposa morta, na verdade, marcava sua própria despedida, como um aviso, uma sensação muito estranha, a mesma que tive quando assisti Luzes da Ribalta (Limelight, 1954) pela primeira vez, embora ali eu já soubesse que de fato se tratava do canto do cisne de Chaplin, uma despedida declarada, embora ele ainda tenha feito dois filmes depois.

"O Bom" em Três Homens em Conflito
Isso sem falar no personagem dele em si, um cara antiquado, que ainda consulta pilhas de jornais velhos para checar os dados de determinado jogar, enquanto os novos profissionais têm esses dados em seus modernos softwares de base de dados. Parece muito uma alegoria à posição do próprio Clint em relação à indústria cinematográfica, um ex-galã de uma grande fase do cinema que não existe mais, e ele ainda ali, perambulando, procurando seu espaço - certo, talvez eu esteja exagerando, mas às vezes é difícil aceitar que o tempo passa...

Resta torcer para que este seja só mais um filme na extensa filmografia dessa lenda viva  da história do cinema.

Para saber um pouco mais sobre o filme, confira o trailer abaixo:

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